Com o lançamento de sua colaboração com a Reebok se aproximando, Gigi Hadid concedeu uma entrevista para revista Harper’s Bazaar Austrália onde contou um pouco sobre de onde veio a inspiração para a criação do estilo da coleção da Reebok x Gigi Hadid. Além disso, a modelo também conversou sobre inspirar e ser inspirada por mulheres, empoderamento, comentários negativos e mais.
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Uma prova do encanto duradouro da supermodelo, a chegada de Gigi Hadid em Sydney recentemente foi marcada por um quase colapso da mídia. Hadid ficou na cidade por apenas 48 horas, para lançar sua coleção em parceria com a Reebok e promover a nova campanha da #BeMoreHuman, mas a aparição dela fez com que colegas de revistas brigassem sobre quem iria participar de seu único evento para a mídia—um painel de café da manhã no centro de arte de Eveleigh, Carriageworks— e muitos desses que tentaram, e falaram, conseguir uma selfie com ela.
Não é difícil de ver o por quê. Ao lado de sua melhor amiga, Kendall Jenner, e sua irmã mais nova, Bella, Hadid faz parte do trio das maiores supers da nova geração. Suas conquistas vão de editoriais de moda de alto conceito europeu para Chanel e Valentino, até desfilar na passarela do Victoria’s Secret Fashion Show e ser o rosto de campanhas de alto nível da Moschino em colaboração com H&M. Ela é a quinta modelo mais bem paga no mundo (sua renda chegou a 13 milhões de dólares em 2017); suas amizades incluem Taylor Swift e Serena Willians; e ela é a 39ª pessoa mais popular no Instagram, com mais de 45 milhões de seguidores, mais que Lady Gaga, adidas e NASA.
Para aqueles que estão de olho em Gigi Hadid—encarnação do ideal de beleza—diante de uma campanha que encoraja as pessoas a ‘serem mais humanas’, não se preocupe, ela sabe. “Quando nós demos inicio à campanha tiveram comentários tipo, ‘Porque Gigi é um dos rostos da campanha Seja Mais Humano? Ela é uma modelo,'” contou Hadid. “As pessoas assumem que ser modelo significa ‘perfeição’, mas o objetivo dessa campanha é que nenhuma ideia de perfeição da espaço para cometer erros ou crescer. Você pode ser gentil consigo mesmo quando cometer erros, desde que você aprenda com eles. Pra mim, essa ideia é poderosa.”
Como qualquer jovem de 23 anos na era do Instagram, Hadid cometeu erros, e se viu como alvo de piadas sobre seu corpo e vida pessoal como resultado. Alguns, como a reação dos republicanos contra ela zoando Melania Trump no American Music Awards in 2016, já eram de se esperar. Outros parecem com um significante e triste cinismo da internet. Um exemplo recente é a viagem que Hadid fez para Bangladesh com a UNICEF para destacar a crise de refugiados como resultado do genocídio cometido contra o povo de Rohingya em Myanmar. Hadid passou diversos dias em vários campos e é claro que a experiência teve um profundo efeito sobre ela — então ela estava, compreensivelmente, abatida com as acusações de que a viagem era apenas para bombar seu perfil. “As pessoas querem achar razões ruins pela qual alguém está tentando ajudar,” ela diz, irritada. “Fazia um ano que a crise dos refugiados começou, e obviamente isso significa que tinha menos cobertura da mídia, então eu percebi que o melhor que eu podia fazer para ajudar era lembrar às pessoas que essas pessoas ainda estavam ali e que ainda precisavam de ajuda. Não é questão de, ‘Eu estou aqui porque sou uma celebridade’— 90% das pessoas nesses campos não tem ideia de quem eu sou! Se as pessoas querem tentar achar um ponto negativo nisso, bom, isso não é algo que posso controlar — isso é problema deles. Eu sei que muitas pessoas aprenderam [sobre a crise] por causa disso. As pessoas estão nas redes sociais o dia inteiro, todos os dias, então por que não usar sua plataforma pra tentar ensinar as pessoas sobre coisas que elas deveriam prestar atenção?”
Hadid abordou algumas das reações negativas que enfrentou durante suas carreiras no evento da Reebok em Sydney, onde ela conversou ao lado de Amrita Hepi (uma coreografa premiada dos territórios de Bundjulung e Ngapuhi), Amna Karra-Hassan (ativista muçulmana que é conhecida por ter fundado a primeira equipe de futebol feminino na Australia) e Kelly Cartwright (medalhista de ouro paralímpica). “As pessoas pensam que eu não mereço estar onde estou porque venho de uma família bem-sucedida, mas meus pais são trabalhadores para c*ralho,” ela contou no painel. “Meu pai era um refugiado, minha mãe morava em uma fazenda e ia para Nova York para mandar dinheiro para sua família—eles trabalharam muito e me deram uma vida por causa do trabalho duro deles, e eu trabalho duro para honrar isso. Eu não sou ‘não Palestina o suficiente’ para estar na capa da Vogue Arabia, eu não sou ‘bonita demais’ para estudar psicologia criminal ou ser uma ótima jogadora de vôlei ou uma boa boxeadora, e f*da-se se você pensa isso, porque essas são as coisas que me fizeram sentir poderosa enquanto eu crescia.”
Além do fato de criar uma plataforma para três mulheres australianas inspiradoras, Hadid foi atraída para a campanha do #BeMoreHuman porque ela se vê cada vez mais tomada pelo pensamento de que exercícios são sobre força e a fortaleza mental, invés de uma passagem para um corpo de biquíni aprovado pelo Insta. “Eu realmente não me conecto com o fato de ir pra academia apenas para levantar pesos—Eu amo box e andar a cavalo e jogar vôlei,” ela disse. “Essa é uma maneira mais natural de incorporar exercícios na minha vida, e um aspecto disso é que isso me ajuda a cuidar de mim mentalmente, e tem um aspecto social de que eu estou me cercando de pessoas que me inspiram e tem boa energia.”
Hadid descobriu que cerca-se com as pessoas certas significa menos pessoas. Quanto mais velha ela fica (ela faz 24 mês que vem), ela está mais propensa a passar tempo apenas com um pequeno ciclo de amigas e a família dela. “Não é sobre ter 100 amigos, é sobre ter cinco ou 10 amigos realmente bons que te entendem de maneiras diferentes,” ela disse. “Ninguém acorda se sentindo poderosa todos os dias—isso é impossível—mas eu penso que quando você se cerca com mulheres que te inspiram e te fazem feliz, isso pode te ajudar durante o dia.” A família de Hadid — seu irmão Anwar, sua irmã Bella e a mãe Yolanda, são todos companheiros de carreira — também são uma fonte de apoio. “Quando eu estou tento um momento ruim sozinha no meio da noite em um país estranho, e eu estou mal por causa do fuso-horário, eu posso ligar pra minha irmã e ela entende como isso é. O mesmo acontece com minha mãe e meu irmão — eles me apoiam muito dessa maneira e eles entendem os lados diferentes disso. É legal que todos nós podemos ter esse relacionamento uns com os outros.”
A colaboração com a Reebok — Reebok x Gigi Hadid — é uma cápsula de camisetas, tênis e leggins inspirados nos modelos dos anos 80 e 90 da marca. “Todo mundo sabe que se tem um estilo que vem naturalmente pra mim, é o athleisure, e isso realmente apareceu durante a criação,” ela diz. “É importante pra mim que você possa ficar bem nas roupas, mas elas realmente são feitas para malhar, para suar nelas—você pode ir para academia e ficar bonito e malhar corretamente com elas. É como se fosse essa moda de “sapato de pai”: você pode gastar mil dólares em um par de tênis que não é saudável para o seu pé ir malhar. Assim, com o Aztreks por exemplo, eu quis criar um sapato que vai firmar seu pé, mas também estar na moda.”
Trabalhar com moda pode ser cansativo, então é um ponto positivo para Hadid e Reebok que, após nossa co versa, teve um sentimento genufletido de, ousamos dizer, empoderamento no ar. Supermodelos refletem a época que elas existem, seja Kate Moss com sua sensibilidade desenfreada do rock nos anos 90, ou o otimismo de toda garota americana de Cindy Crawford‘s dos anos 80. É um bom significativo da década de 2010 que nossa top model equilibre beleza com um interesse genuíno em melhorar o mundo ao seu redor. A dica final de Hadid: “Quando você junta mulheres incríveis e inteligentes e conversa com elas, você vai encontrar beleza nelas que está longe do que você vê em sua primeira impressão.” Estranhamente, o mesmo pode ser dito sobre ela.
Tradução & adaptação: Equipe Gigi Hadid Brasil