13.03.25
Gigi Hadid é capa da Vogue US na edição de Abril 2025 e concede entrevista
Postado por Equipe GHBR
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Gigi Hadid está estampando pela segunda vez na sua carreira uma capa solo para Vogue Americana, na edição de Abril 2025, com um ensaio fotográfico inspirado na Era do Jazz, capturado por Annie Leibovitz, que destaca a versatilidade e o talento de Hadid. Além do ensaio incrível a edição também conta com uma entrevista na qual Gigi compartilha aspectos íntimos de sua vida pessoal e profissional. Ela discute sua experiência como mãe de Khai, fruto de seu relacionamento com o ex-namorado Zayn Malik, enfatizando a importância de um ambiente familiar harmonioso e colaborativo para o bem-estar da filha. Além disso, Gigi revela detalhes sobre seu relacionamento com o ator Bradley Cooper, destacando como ele a introduziu ao mundo do teatro e como compartilham interesses artísticos. A entrevista também aborda sua mudança para a zona rural da Pensilvânia, buscando uma vida mais tranquila e privada, longe dos holofotes de Nova York. Gigi reflete sobre sua trajetória na moda, desde o início precoce até a consolidação como uma das principais modelos da atualidade, e explora suas incursões em outras áreas criativas, como a apresentação de um programa na Netflix e o lançamento de sua linha de roupas de caxemira, Guest in Residence. Leia a entrevista completa e traduzida abaixo:

Você pode dirigir 90 minutos de Nova York e sentir como se nunca tivesse saído. Os mesmos restaurantes, as mesmas pessoas, as mesmas conversas, as mesmas roupas. E então você pode dirigir 90 minutos de Manhattan e sentir como se estivesse em um país diferente: Florestas densas, riachos correndo ao longo de estradas não asfaltadas, avisos pregados em postes telefônicos alertando caçadores de veados contra invasão. Pode haver alguns mercados gourmet e pousadas com placas minimalistas com fontes sem serifa, mas em janeiro eu visitei a Gigi Hadid na Pensilvânia rural, o único marco notável que vejo em qualquer lugar perto de sua casa é um humilde posto de gasolina.

“Bem-vinda!”, gritou Hadid do batente da porta de uma casa longa e baixa camuflada nas colinas ao seu redor. É uma estrutura moderna, mas feita com materiais reciclados e janelas largas que emolduram a paisagem. Os espaços internos são limpos, mas com marcas da desordem da criação dos filhos e da vida em geral: Caixas de papelão fechadas, canecas no balcão da cozinha, fotos de uma viagem à Disney. Hadid — alta, esbelta e sem maquiagem — estava vestindo calças de moletom pretas da Nike e um suéter de sua linha de roupas em caxemira, Guest in Residence, com o cabelo preso até a metade.

Uma camada de neve cobria o chão e pingentes de gelo estavam pendurados no teto, mas lá dentro o fogo estava queimando e parece que em cada cômodo tinha uma vela acesa. Ela está no local há cerca de oito anos, ela me conta, desde que comprou uma fazenda de lavanda com sua mãe, Yolanda, e sua irmã, Bella, em 2017. Pergunto a ela por que ela se mudou para cá em primeiro lugar — conversa fiada de nível básico, mas Hadid responde francamente: “Chegou a um ponto na minha carreira em que começaram a haver câmeras do lado de fora todos os dias em Nova York. E havia uma escuridão nisso para mim.”

A imagem das Hadids na Pensilvânia não é nova: Gigi e Bella são garotas do hipismo, transplantadas dos cânions de Malibu para os pastos do Condado de Bucks, cavando no jardim de ervas ou matando mosquitos em live no Instagram. Enquanto nos acomodamos em seu sofá sinto que Gigi quer contar a história de como ela chegou aqui de forma mais profunda. Sim, este era um lugar para passar a pandemia, então um cenário rural para os primeiros dias de vida de sua filha Khai, agora com quatro anos. Mas a fuga também era uma necessidade. Sua fama, como uma das primeiras “modelos do Instagram”, veio com invasões de privacidade que ultrapassaram os limites. E ela é direta sobre o efeitos colaterais: “Chegou a um ponto em que eu tinha três dias de folga e ficava dentro de casa por três dias. E isso é muito intenso.” Quando falo por telefone com John, seu chefe de segurança por quase uma década (que prefere que usamos apenas seu primeiro nome), ele descreve um conjunto de dias particularmente cansativos alguns anos atrás. O plano dela era apenas se esconder em seu apartamento para se recuperar, mas isso não daria certo, John decidiu, e ele descobriu uma maneira de levá-la à praia com uma amiga.

“As duas meninas ficaram no mar o dia todo, e voltamos para a cidade mais tarde naquela noite”, lembra John. “Acho que coisas assim foram capazes de reenergizá-la, de permitir que ela se sentisse — eu realmente odeio usar a palavra normal, mas às vezes o mundo dela é um pouco incomum, com certeza.”

Um dia de praia roubado foi uma aberração, no entanto. “Eu senti que, mesmo quando eu estava apenas tentando vestir algo casual e ir tomar um café ou ir à farmácia, para sair, alguém tinha um comentário: “Por que ela está vestida assim? Ela parece uma desleixada. Ela parece sobrecarregada, tanto faz”, diz Hadid. Ela também é direta sobre a atenção dada ao seu corpo: “Ela é muito gorda” ou “Ela tem um transtorno alimentar” eram os tipos de coisas que ela ouvia regularmente. “Já fui chamada de todas as coisas possíveis”, ela diz. “E então eu liguei para minha mãe um dia e eu disse, ‘Ei, eu preciso de um lugar para ir.’ ” Estamos juntos há não mais do que 20 minutos, mas ela se emociona, suas palavras ficam presas na garganta. A experiência que ela está descrevendo pode ter ocorrido anos atrás, mas ainda é recente e dolorosa. “Aprendi da maneira mais difícil”, diz Hadid sobre o acesso que ela ofereceu às pessoas no início de sua carreira. “Houve momentos no começo em que eu me doei demais.”

Pode ser facilmente esquecível que conhecemos Gigi Hadid a tanto tempo, desde que ela era uma jovem jogadora de vôlei, andando pelos fundos da cozinha de sua mãe nos bastidores de “The Real Housewives of Beverly Hills” (“Eu nem ao menos conhecia aquelas mulheres,” ela disse. “Foi uma parte realmente pequena da minha vida.”)

Mas houve um momento em que a fama, ou mesmo sua carreira como modelo, parecia longe de ser inevitável. É de conhecimento geral que Hadid teve seu primeiro trabalho como modelo quando tinha dois anos (para Baby Guess, uma conexão por meio de sua mãe) o que poucos sabem, talvez, é que sua mãe praticamente proibiu qualquer outro trabalho de modelo até Hadid chegar ao final da adolescência para que sua filha pudesse se concentrar em outras coisas: esportes, escola, amigos, teatro. Como Hadid conta agora, quando estava decidindo onde fazer faculdade, ela considerou quase igualmente a ideia de jogar vôlei quanto a ser modelo. No verão antes de se matricular na New School em Manhattan, ela passou um mês em Londres, “fazendo ensaios com diferentes fotógrafos em porões assustadores, fazendo longas viagens de metrô para go-see aleatórios”, diz ela. Então, em seus dois anos de graduação, ela estudou psicologia criminal e imediatamente se envolveu nas aulas. “Quando eu era criança e tinha que ficar em casa para me recuperar, eu assistia Forensic Files ou Food Network.” (A escola de culinária era, e ainda é, outra possibilidade — ela adora cozinhar.) Tudo o que ela fazia — e esse é um tema — ela queria fazer completamente. “No vôlei”, diz o treinador do clube de ensino médio de Hadid, Aaron Wexler, que ainda treina, mas também tem um podcast, Within the Game, “você pode bater muito forte ou pode dar uma gorjeta” — um movimento mais suave e estratégico. “E Gigi me disse uma vez — nunca vou esquecer — ‘Eu não vou dar uma gorjeta, treinador.’ Ela disse, ‘Eu vou fazer isso.'” (Sua precisão, Wexler me diz, era menos garantida, mas isso não a impediu.)

No início de sua carreira, Hadid tinha um jovem agente na IMG que ela sentia que não a levava a sério, então ela criou coragem para enviar um e-mail ao chefe da agência dizendo que queria mais do que “um amigo que iria a festas de moda comigo”. Isso a levou a Luiz Mattos, que ela conheceu no elevador dos escritórios da IMG a caminho da reunião. A química foi imediata. “Eu estava tipo, ‘Ok, vamos falar sobre nossas metas para os próximos cinco anos'”, diz Mattos, que representa Hadid há mais de uma década. “E ela olhou para mim como, Ai meu Deus, você acha que eu posso fazer isso? Eu disse, eu sei que você pode.

Sua carreira começou a acelerar. Donatella Versace foi uma das primeiras campeãs. Ela foi uma das primeiras, como Hadid coloca, “A ser como, ‘Seu corpo atlético de vôlei é a coisa mais sexy que eu já vi’, embora essa não fosse realmente a opinião da moda na época.” Nela, Versace viu algo das supermodelos icônicas que ela ajudou a lançar nos anos 90: “As Supers eram definidas por sua individualidade, sua personalidade, sua força e o fato de que elas celebravam isso em editoriais e na passarela”, diz Versace. “Gigi para mim tem esse mesmo espírito.”

Hadid considera tudo isso um tanto fortuito: ela era a garota certa para um momento de mudança de vibe, quando a cultura estava se afastando de modelos intocáveis ​​e inalcançáveis. E, enquanto isso, ela estava se divertindo muito, circulando em uma cena criativa despreocupada de Nova York. Ela era e ainda é uma boa amiga da artista Austyn Weiner, que conheceu em São Francisco em um ônibus de turnê em 2013, quando as duas garotas estavam namorando músicos. Weiner e seu namorado na época estavam saindo, “sendo muito turbulentos — muito quase famosos”, diz Weiner. (“O epítome de uma namorada artista de rock and roll da Califórnia”, é como Hadid descreve sua primeira impressão de Weiner.) “E acho que imediatamente me tornei esse espaço seguro neste ambiente novo para ela”, diz Weiner.

Weiner teve a ideia de respingar tinta acrílica em Gigi, de 18 anos, e fotografá-la para uma série que ela chamou de Cover Girl. “Nós a colocamos no chuveiro do meu pequeno apartamento na China. Quase não havia água morna. Ela sempre diz que nunca foi tratada tão mal em uma sessão de fotos”, brinca Weiner. “Eu era tão jovem, e era uma honra estar na frente da câmera de qualquer pessoa”, rebate Hadid, “Ainda mais da minha amiga e alguém cuja arte eu realmente amava”. O trabalho, diz Weiner, “Foi um carimbo de um momento no tempo, mas também foi o início do nosso relacionamento centrado na arte”. Desde então, a amizade delas foi cercada por projetos criativos. “Meu mundo é centrado na criação — e, em um meio completamente diferente, o dela também”, diz Weiner.

O que Hadid cria? Sessões editoriais, momentos virais na passarela e campanhas de moda — mas ela também se aventurou fora desse mundinho. Em 2023, ela co-apresentou a segunda temporada do reality show Next in Fashion da Netflix com seu amigo Tan France. Em um episódio, ela julgou os concorrentes para Versace e ela estava tão nervosa que suas mãos tremiam, lembra France. Durou apenas um episódio; “Ela sabia que tinha acertado”, diz France. Esses empreendimentos podem ser apenas excursões profissionais de 20 e poucos anos — embora de uma variedade glamorosa — ou podem ser o esboço de um futuro além da moda. Uma pista está na maneira silenciosa e atenciosa com que ela lançou seu primeiro empreendimento comercial real sem seu nome costurado nas etiquetas ou anunciado explicitamente nos itens, como se quisesse testar seus instintos e perspicácia neste mundo sem se apoiar (apenas) em sua fama. Alguém poderia, em teoria, entrar em uma loja da Guest in Residence e não saber que tem algo a ver com ela.

E então há o cuidado criativo que Hadid aplica à sua vida pessoal, particularmente como mãe. Na Pensilvânia, ela me conta que ela e Khai têm escolhido cores para se vestir — da cabeça aos pés. No banheiro dela, há banheiras de plástico cheias de brinquedos — para suas “festas no banho”. Um espaço sob uma escada foi convertido em um espaço de recreação com tema de selva, completo com plantas falsas. “Eu podia ver que Khai estava interessada nisso”, diz Hadid sobre o espaço negligenciado, “Então uma semana quando ela estava na casa do pai, eu disse: ‘Vou à Target e vou dar uma turbinada nisso.'”

O pai de Khai é o ex da Hadid, o cantor Zayn Malik, com quem ela divide a guarda. Os dois namoraram por cerca de seis anos, e seu relacionamento foi acompanhado por um interesse raivoso — particularmente em direção à sua conclusão (cujos detalhes você pode procurar, embora esteja claro ao falar com Hadid que eles estão muito no passado). Hadid folheia as fotos em seu telefone, mostrando-me cenas de Malik segurando Khai no primeiro dia da pré-escola e descrevendo a musicalidade inata que Khai recebe de seu pai. “Zayn e eu fazemos nossos cronogramas de custódia com meses de antecedência”, diz Hadid, planejando tudo em torno das semanas em que eles têm Khai.

“Isso não significa que não mude aqui e ali, mas nós ajudamos um ao outro e apoiamos um ao outro.” Ela e Malik entraram nessa nova fase de sua parceria com “amor e um sentimento de camaradagem”, ela diz, aceitando — mais ou menos — que seu relacionamento provavelmente ficará para sempre sob algum tipo de microscópio. “Há a parte difícil do mundo saber tanto e achar que sabem tudo”, diz Hadid. “E no final do dia, não estamos interessados ​​em contar a todos a nossa história inteira. O que nos interessa é criar nossa filha juntos, com tanto respeito um pelo outro, e não apenas como co-pais, mas pelo que passamos juntos.”

Ela me entrega um casaco pesado da Carhartt para usar lá fora (minha jaqueta está no carro), e enquanto caminhamos pela neve, ela para e se inclina sobre uma grade aberta. “Olá”, ela diz, se abaixando para espiar. “Tem um amigo sapo morando lá embaixo. Khai gosta de falar com ele.” Aninhada entre pilhas gigantes de lenha, há uma vila de fadas, sonhada por Hadid; uma casa de brinquedo que ela e Khai pintaram com listras rosa e brancas fica ao lado de uma academia de escalada. Nos fundos da propriedade, vejo um pequeno riacho; no verão, eles vão colher argila para cerâmica de suas margens.

Ser mãe “Só a tornou mais ela mesma”, diz Weiner. “Gigi não quer estar em uma boate na cidade em uma terça-feira à noite.” Hadid me leva pela sala de artesanato, um espaço longo com laterais de vidro com vista para a piscina, onde pompons, palitos de picolé e olhos esbugalhados são dispostos em latas de vidro como chicletes em uma loja de doces. Khai consegue pintar em uma das paredes da sala; parece ter tido o efeito de evitar uma bagunça em outro lugar, Hadid me diz, embora esta seja uma casa onde parece que uma bagunça às vezes pode ser encorajada.

“É uma coisa linda que ela fez — criou um espaço aqui onde pode dar a Khai a experiência mais normal possível”, diz Adrienne Tosti, que se descreve como “A amiga mãe de 1,75 m e dona de casa de Gigi”, e Hadid descreve, simplesmente, como uma de suas melhores amigas. Tosti se mudou para a Pensilvânia com o marido quando estava grávida e conheceu Hadid em uma aula local para mães e filhos: “Minha filha estava usando um vestido de princesa de camisola da Elsa”, diz Tosti, “E Khai também estava usando algo relacionado à Elsa, e elas se entreolharam e disseram, Ok, estamos na mesma página”. Ela e Hadid passam grande parte de suas horas de criação de filhos juntas, ao que parece, estacionadas na piscina no verão, indo ao parque de trampolins, levando suas filhas para a cidade para visitar o Museu de História Natural. “Recebemos a programação e pensamos, Ok, então o que vamos fazer na segunda-feira?”, diz Tosti.

Hadid descreve sua vida como uma espécie de vida dupla, uma maneira de habitar identidades distintas no dia a dia. “Brinco com minhas amigas mães que me sinto a Hannah Montana da moda”, diz ela. “Se você me conhecesse apenas em um ensaio fotográfico, não teria uma visão completa de quem eu sou. Sinto que, como modelo, sou uma performer. E não acho que me ver andando por aí,” ela gesticula para a paisagem, “grite supermodelo.”

Por mais que a maternidade tenha proporcionado a Hadid uma vida além da moda, também a ajudou a traçar um caminho através da fama. Como divide seu tempo entre a Pensilvânia e Nova York, já não vale tanto a pena para os paparazzi acamparem na porta de seu apartamento em Manhattan. Ao mesmo tempo, ela desenvolveu um grau de serenidade notável em relação à sua própria exposição — “Isso faz parte do trabalho; quando você é uma figura pública, isso vem com o território”, diz ela.

Quando se trata de Khai, no entanto, ela é firme. Depois do nascimento da filha, Hadid escreveu uma carta aberta aos paparazzi — um pedido moderado para que ocultassem o rosto de Khai. “Nós não crescemos saindo de casa pensando: ‘De que ângulo alguém pode estar me observando?’”, diz Hadid. “E isso não é algo que quero que faça parte do pensamento dela.” A carta, claro, não mudou tudo. Se percebe um fotógrafo enquanto estão no parque, ela coloca Khai rapidamente no carrinho, abaixa a proteção contra o sol e transforma a situação em um jogo: “Vamos ver quão rápido conseguimos chegar em casa!” Mas, depois da carta, há alguns fotógrafos que, ao vê-la com Khai, simplesmente abaixam suas câmeras.

A quantidade de conteúdo sobre a filha que compartilha em suas redes sociais é uma questão interna de equilíbrio. “Não acho que seria totalmente genuíno não postar nada sobre Khai”, diz ela, “mas também não quero publicar nada que tire sua privacidade e tranquilidade.” Pergunto se ela já pensou em desistir completamente das redes sociais, mas isso claramente não faz parte de sua natureza. “Vou para Paris, e há pessoas na frente dos desfiles que são minhas fãs há 10 anos. E eu amo isso. Amo me conectar com as pessoas… Sou grata pelas redes sociais e pela forma como elas me conectaram com o mundo. Eu não teria a mesma carreira sem elas.”

As pressões, ansiedades e benefícios das redes sociais são temas sobre os quais ela claramente já refletiu bastante. Mais tarde, ela até me manda uma mensagem para elaborar melhor: “Meu Instagram é como uma carta enviada pelo correio”, diz ela. “Se você me segue, tem que ter paciência, a vida precisa carregar… É diferente da forma como as redes sociais pareciam quando eu era mais jovem. Não é algo que me vem tão naturalmente como era quando o Instagram começou.”

Hadid atribui à terapia e ao simples fato de estar amadurecendo a ajuda para equilibrar seu lado prestativo e trabalhador com o desejo de “ter respeito por si mesma”. Agora, ela acha mais fácil dizer não e até encontra força em justificar suas escolhas: “Nunca me arrependo de dizer: ‘Não posso aceitar esse trabalho. Estou com Khai essa semana.’ Esse é simplesmente o limite que estabeleci.”

Mais uma vez, Hadid fica à beira das lágrimas ao descrever a vida que construiu para sua filha nesse refúgio tranquilo — as “florestas secretas” e as casinhas de brincar pintadas, mas, mais importante ainda, a comunidade. “Khai está protegida pelas amizades que temos aqui. E isso significa…”, ela pausa, visivelmente emocionada, “isso significa muito para mim.”

Hadid me leva até uma delicatessen para buscar sanduíches para o almoço, dirigindo com confiança pelas estradas geladas. No caminho, conversamos sobre a posse presidencial (ela assistiu e acha importante se manter informada, independentemente das preferências políticas), exercícios (ainda se considera uma atleta, tem trocado mensagens com o Coach Wexler e até pesquisou ligas de vôlei para adultos na região) e os musicais da Broadway que viu recentemente. “Sweeney Todd foi incrível! Passei duas semanas andando por Nova York cantarolando The Ballad of Sweeney Todd”, conta ela. Seu favorito, no entanto, é Wicked, que já assistiu nada menos que dez vezes. Fica a dica para Jon Chu: que tal escalá-la para uma das continuações?

“Não quero simplesmente atuar em séries e filmes como ‘a namorada sem graça’”, diz Hadid. E sobre fazer teatro? “É um sonho”, ela sussurra, quase sem querer admitir. “Mas dá medo dizer isso em voz alta.”

“Bradley” — no caso, Bradley Cooper, seu namorado há mais de um ano — “me fez redescobrir o prazer de ir ao teatro, e é tão bom trazer isso de volta para minha vida.” Os dois se conheceram em uma festa de aniversário no quintal da casa de um amigo em comum — ironicamente, talvez o cenário mais comum possível para dois superastros começarem a namorar.

“Todo mundo quer viver um romance de forma natural”, diz Hadid. “E, sinceramente, até para meus amigos que não são famosos, isso já é complicado. Onde você vai? Como conhece alguém? Você só começa a puxar papo com uma pessoa aleatória? E, no meu caso, ainda tem a questão extra da privacidade e segurança. A gente quer acreditar que as pessoas vão respeitar isso, que não vão correr para ligar para o TMZ ou postar no Deuxmoi… Mas no fim das contas, nunca dá para ter certeza.”

Por mais complicado que seja para namorar sendo uma supermodelo, Hadid descreve seu relacionamento atual como “muito romântico e feliz”. Ainda assim, há aspectos que prefere manter só para si — não porque haja algo secreto nisso, mas simplesmente porque “não faz parte da nossa relação compartilhar certas coisas, por qualquer que seja o motivo”.

Ela sabe que sempre haverá aqueles “fontes anônimas” que alimentam um ecossistema inteiro de manchetes clickbait, divulgando informações que “estão meio certas e meio erradas”, como ela mesma diz. Mas no fim das contas, “você tem que deixar passar; não dá para corrigir tudo o tempo todo”.

O pouco que compartilha sobre esse relacionamento dá a sensação de que talvez ele não tivesse acontecido em uma fase anterior de sua vida. “Acho que chegar ao ponto de saber o que você quer e merece em um relacionamento é essencial”, diz ela. “E encontrar alguém que esteja em um momento da vida em que também sabe o que quer e merece… e então os dois fazem seu próprio trabalho individual para estarem juntos da melhor forma possível. Eu simplesmente me sinto muito sortuda. Sim, sorte é a palavra.”

“Eu o respeito muito como criativo,” ela continua, “e sinto que ele me dá tanto: incentivo e, simplesmente, crença. Para as pessoas que você admira te incentivarem, isso pode criar tanta confiança em si mesma. Tipo, qual é o pior cenário se eu fizer uma audição para isso? Você simplesmente dá o salto e se joga.”

No dia seguinte, oito andares acima, em um estúdio brilhante e branco na West Side de Manhattan, Gigi Hadid não está exatamente dando um salto, mas radia parte da energia da jovem fã de teatro musical que ela já foi, se apresentando para a câmera. “Sempre fui impressionada pela Gigi,” diz Miuccia Prada, outra das suas primeiras apoiadoras. “Ela é incrivelmente profissional e encantadora ao mesmo tempo, sempre de bom humor e gentil. Ela ocupa um lugar especial não só no mundo da moda, mas já há muito tempo. Isso é resultado do trabalho árduo e do compromisso que ela coloca em tudo o que faz.”

Hadid está fotografando as roupas da coleção primavera/verão da Guest in Residence, a nova coleção será lançada em apenas 10 dias. O estúdio está cheio de adereços: pistolas d’água, Hula-Hoops, espaguetes de piscina de espuma, chinelos, tênis New Balance com os cadarços desamarrados. O tema da sessão é “cartão postal de lugar nenhum,” ou, talvez mais apropriadamente, qualquer lugar onde o sol brilhe. Hoje, está cerca de 20 graus lá fora, mas no estúdio é um dia de piscina.

Hadid incorporou sua própria narrativa ao conceito. “Ele está voltando em breve,” ela canta em falsete, se jogando sobre uma bola de praia gigante. Ela é a esposa de um astronauta dos anos 50, olhando para o Sputnik enquanto toma um martini. É um pouco plástico, um pouco Stepford. Dá para perceber que as outras modelos na sessão, tão dispostas quanto estão, ainda não pegaram totalmente o ritmo da narrativa dela, embora ela esteja explicando gentilmente. Inicialmente, a ideia era que seu cabelo fosse bem natural, ela conta, mas pediu para seu estilista, Dimitris Giannetos, modelá-lo em um corte estilo Mary Tyler Moore, aquele sorriso de cabelo. “Estou pensando nos cupcakes,” Hadid canta mais de uma vez enquanto a câmera dispara. “Todo mundo sabe que eu trouxe cupcakes?”

Funcionários da Guest in Residence, do estagiário de verão que virou coordenador de marketing ao gerente de e-commerce, começam a aparecer. Além das pessoas centrais envolvidas na sessão — Rossella Raffi, a diretora de marketing; o parceiro de negócios de Hadid, Isaac Ross; o diretor de arte, Paolo Santosuosso — não parece que a equipe precisa estar lá, mas eles se acomodam ao longo da lateral, confortáveis mesmo assim. “Com Hadid”, diz a diretora de design da Guest in Residence, Sijeo Kim, “não é tipo, Ok, eu tenho toda a autoridade, então você faz isso,” ela me conta. “É mais como, Estamos juntos nisso. Vamos conversar sobre a ideia.” Kim descreve seu primeiro encontro com Hadid em seu apartamento; ela estava cuidadosamente vestida de preto, como parte da equipe de apoio, enquanto Gigi usava uma jaqueta de couro com ombros poderosos — ambas agora cientes de que estavam experimentando papéis.

Hadid se senta ao nosso lado enquanto Kim conta a história; é hora do almoço e um prato de comida do Oriente Médio está equilibrado em seu colo. “Um ombro poderoso — muito diferente de mim!” ela exclama. A voz de Kim estava trêmula durante aquele primeiro encontro, quando ela mostrou a Hadid amostras de seus primeiros trabalhos de design, “e então Gigi disse: ‘Está tudo bem, minha voz também treme o tempo todo.’” A relação delas, como muitas das relações inicialmente profissionais que Hadid começa, se tornou pessoal. Elas têm um grupo no WhatsApp que já dura um bom tempo, onde trocam inspirações — desde arquitetura coreana até uma camiseta que se tornou um item constante no guarda-roupa de Hadid.

Raffi, que viajou bastante com Hadid enquanto estavam promovendo uma coleção que ela fez com Tommy Hilfiger no começo de sua carreira, descreve uma viagem inesquecível a Tóquio, onde foram cercadas por multidões de fãs, incluindo uma boneca gigante de Gigi que as seguia pela cidade. No meio de tudo isso, Hadid conseguiu organizar um jantar de aniversário para Raffi. “Isso é um indicativo de quem ela é. Ela realmente presta atenção, e valoriza a equipe ao seu redor,” diz Raffi. “Isso te motiva. E também é algo raro.” Quando a equipe da Guest in Residence precisa ficar até mais tarde no escritório, interferindo no horário da equipe de limpeza, Hadid sempre faz questão de agradecer a eles, diz Raffi. Hadid, no entanto, tem consciência de que não pode construir uma empresa apenas com cupcakes e jantares de aniversário: “Às vezes eu tenho que dizer o que é difícil e realmente ser a chefe,” ela me conta.

Quando a sessão de fotos termina, Hadid rapidamente se troca para um conjunto de moletom de cashmere da Guest in Residence. “Não sou uma grande consumidora,” ela admite. “Meu guarda-roupa é basicamente composto do essencial que venho reestruturando.” Isso foi parte da motivação para a criação da Guest in Residence, ela diz. Queria vender peças que durassem e tivessem menos impacto no meio ambiente do que a maioria das roupas de grife. (Ela se empolga falando sobre a qualidade da caxemira, cadeias de suprimento e como estão replantando as áreas onde os bodes de caxemira pastam.) Ela é tanto líder quanto aprendiz quando se trata da Guest in Residence: uma das coisas que mais gosta de fazer, quando tem tempo, é passar pela loja e observar como as pessoas estão interagindo com as roupas. “Eu começo a perguntar o tamanho delas, se posso ajudar, e elas ficam tão confusas,” ela diz. “Elas me olham como se perguntassem: Será que ela trabalha aqui o tempo todo?”

Estamos a poucos quarteirões do Shed, o espaço de exibição que atualmente abriga “Luna Luna,” uma mostra de carrosséis e brinquedos de parque de diversões há muito negligenciados, projetados por ícones da arte do século 20, como Keith Haring e Roy Lichtenstein, e eu quero que ela visite a exposição. (Ela não terá tempo, claro. Seu cronograma, como sei, está bloqueado meses adiante.) O amor dela por parques de diversões é bem documentado, originado, ela me conta, em viagens para o fantástico Efteling, na Holanda, com sua mãe holandesa quando era criança. “Isso realmente abriu minha mente — não apenas sobre parques e brinquedos, mas algumas das minhas primeiras memórias de realmente olhar ao redor.” Trabalhar com Karl Lagerfeld, em particular, ela diz, trouxe isso de volta: “Caminhar para aqueles sets da Chanel — eu me senti como uma criança em um parque de diversões. Soou como um sino na minha cabeça.” Quando ela manda uma mensagem mais tarde, explica um pouco mais. Seu trabalho na Guest in Residence está tentando recriar isso: “Nossa conversa me fez pensar sobre como me colocar em situações criativas me faz sentir como uma criança novamente,” ela escreve.

Daqui a alguns meses, Hadid completará 30 anos—certamente já não é mais uma criança— e eu pergunto se ela sente que um novo capítulo está começando. (E para quem vai acompanhar a lenta rolagem de seu feed nas redes sociais: Sim, haverá uma festa, e ela está pensando em torná-la formal, talvez com um tema, “algo um pouco camp.”) “Estou animada para os 30,” ela diz. “Sinto que muitas das coisas na minha carreira, nos meus relacionamentos, na minha vida, nas minhas amizades, que as pessoas normalmente passam nos seus 30, eu passei nos meus 20.” Seu objetivo para o ano que vem é fazer mais das coisas que a assustam, que talvez façam suas mãos tremerem um pouco. “Depois de 10 anos fazendo esse trabalho, eu não fico nervosa mais. Eu tenho que lembrar que, se me sinto assustada ou intimidada, isso significa que estou animada. E sim, nesse ponto, por que não tentar?”

Pergunto se alguma vez sentiu que as coisas estavam se movendo rápido demais para ela—em sua carreira, mas também ao se tornar mãe. “Para muitas mães, existe essa imagem perfeita de como elas deveriam ser e como as coisas deveriam acontecer,” ela diz, mas para ela e Khai, elas estão aprendendo todo dia. “Crescemos juntas. Você acorda e faz o seu melhor e percebe que isso é o suficiente, e há uma beleza em não necessariamente saber exatamente como isso vai acontecer.” Ela faz uma pausa, como se ciente de que esse mesmo sentimento poderia ser aplicado a vários momentos decisivos em sua carreira, relacionamentos, criação de filhos— vida em geral. “Acho que essa é uma grande lição que eu precisava. E provavelmente uma das razões pelas quais Khai veio até mim. Você não pode estar sempre no controle. Você não pode planejar tudo. Você pode olhar para uma experiência como o momento certo ou errado para qualquer coisa, se esse for o seu ponto de vista. Agora, eu só me dou graças e vejo quantas coisas eu já consegui lidar. Passo a passo, eu aprendi. Eu passei por isso.”

Tradução e Adaptação: Gigi Hadid Brasil

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